Sabemos que a Europa tem necessitado se adaptar as frequentes altas temperaturas.
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As mudanças climáticas são um problema mundial, e cada país tem seus problemas. Enquanto no Brasil passamos pelo inverno rigoroso, na Europa é o contrário. Inclusive, recentemente fizemos um vídeo em nosso canal falando desse frio todo. Veja aqui
Em muitos desses países na Europa o problema é com relação as altas temperaturas. Um exemplo é a Alemanha que tem sofrido com isso. Como a Alemanha gerencia o calor extremo e as mudanças climáticas? Vamos tentar responder aqui. Recentemente, no início de julho, as temperaturas em Hamburgo e Colônia subiram para 37 graus Celsius. Algumas áreas registraram temperaturas próximas a 40°C, algo bastante complicado para os seres humanos e que pode causar até a morte. Nos anos anteriores, essas temperaturas não eram normalmente registradas até o início de agosto, lembrando que lá essa época é de verão. E esse aumento nas temperaturas os especialistas atribuem, claro, as mudanças climáticas. No rádio, na televisão e nas redes sociais, as pessoas eram recomendas a ficar em casa, especialmente no meio do dia.
A empresa de rádio alemã, a DW, entrevistou algumas pessoas nas ruas da capital Berlim, para entender o que elas fazem para suportar este problema. Um dos transeuntes, um jovem, mostrou um leque que utiliza para essa função. Outro disse que procura beber muita água e ainda tenta aproveitar o sol, que claro, é importante. Não é saudável fugir dele. Outro disse que usa um chapéu, bebe também muita água e anda na sombra.
Até o momento em 2025, para sorte de todos, as temperaturas têm sido extremamente elevadas apenas em trechos curtos e não em longos períodos. Mas e se isso mudar? O que as autoridades podem fazer para proteger melhor as pessoas do calor extremo? A rádio perguntou a porta-vozes dos ministérios federais de Berlim se o governo estava preparado após a primeira onda de calor no início de julho. A resposta foi que cabe às autoridades estaduais e locais agir, pois são responsáveis por informar as pessoas, nas palavras da porta-voz do Ministério da Saúde, Sabine Grüneberg. Ela citou que existe um website que é recomendado as pessoas, chamado hitzeservice.de, que contém informações abrangentes, incluindo conselhos específicos para idosos e pessoas com doenças. O site começou em 2023, embora outros países como a França tenham serviços semelhantes há muito mais tempo.
Outro grave problema que ocorre com as altas temperaturas são os incêndios florestais, onde o Ministério do Interior citou que o exército está preparado para tal, principalmente de forma aérea, como e principalmente em casos recentes na Saxônia e Brandemburgo, com água despejada de helicópteros. Com isso, em 1 de julho, conseguiram evitar algo pior. Uma área de Ghorischheide, no norte da Saxônia, foi especialmente afetada. Uma área de cerca de 2.100 hectares queimou durante dias e algumas casas tiveram que ser evacuadas por precaução. Também existe um aplicativo, o NINA do governo federal, que também fornece avisos sobre tais incêndios. Ele tem sido usado por 12 milhões de pessoas desde que foi desenvolvido há 10 anos. Contém informações e avisos atuais sobre inundações e condições climáticas, incluindo ondas de calor. Recentemente, acrescentou avisos da polícia.
E também tem a questão da banalização do clima quente, que segundo especialistas, é subestimada. Peter Bobbert, presidente da Associação Médica de Berlim, diz que todos devem se proteger fortemente, evitar os lugares quentes, beber bastante água e cuidar de quem não consegue se proteger. As altas temperaturas não reduzem apenas a concentração e o desempenho das pessoas. Médicos como Bobbert alertam que o calor pode causar insuficiência cardíaca e circulatória, que pode ser mortal para pessoas doentes ou idosas.
E aqui entra o assunto do título desta matéria: o ar condicionado. De acordo com o site alemão de comparação de consumidores Verivox, em 2023 havia ar condicionado em 13% das residências alemãs. No ano passado, a taxa foi de 19%. Atualmente, a procura é novamente mais baixa, o que os especialistas atribuem aos elevados preços da eletricidade na Alemanha, que faz os alemães exitarem em adquirir o aparelho. E mais preocupante que isso, no entanto, é que ainda falta ar condicionado em hospitais, instalações de cuidados e escolas. Claro que na Alemanha, sabemos que as residências são conhecidas por seu bom isolamento térmico, locais já projetados para essa função, o que ajuda a manter uma temperatura interna mais estável, reduzindo a necessidade de refrigeração. Porém com o aumento das temperatura, acaba também por se tornar um problema, mas claro que isso é principalmente em locais externos. O não uso do ar condicionado na Alemanha também é cultural, e sabemos que questões culturais são difíceis de mudar. A cultura alemã tradicionalmente valoriza a ventilação natural e a adaptação ao clima, em vez de depender de sistemas de refrigeração artificial. Porém, a medida que os verões ficam mais quentes, as pessoas estão se conscientizando e percebendo a necessidade de ar condicionado para o conforto em casa.
Inclusive, antes de concluir essa matéria, dei uma pesquisada para buscar a opinião dos turistas e moradores que comentam na internet. E encontrei pessoas relatando que estão sofrendo nos hotéis, inclusive os modernos, porque o ar condicionado é muito fraco. Em alguns lugares, tipo restaurantes ou cafés, faz mais calor lá dentro do que fora, segundo relato. E essas pessoas confirmam que não é apenas na Alemanha, pois estiveram na Holanda e Bélgica e a situação é a mesma. Internautas relatam que os lugares com ar condicionado que você vai encontrar se visitar a Alemanha, provavelmente serão os supermercados. Hotéis, cafés e outros locais públicos será uma loteria, alguns tem outros não. E ainda trazem dicas para vencer o calor, se é que ele pode ser vencido. Certifique-se de manter as cortinas fechadas durante o dia ou mesmo utilizando outro dispositivo disponível na janela. Aí, quando a temperatura cair à noite, a dica é deixar entrar todo aquele ar fresquinho.
E claro que existem aqueles trabalhadores que tem dificuldades muito maiores em se cuidar do calor excessivo, como os trabalhadores da construção das estradas. A engenheira civil Charikleia Kagiaoglo, cita que a solução encontrada para a classe foi reduzir o tempo de esposição ao sol, e claro, se hidratar para ficar o mais confortáveis possível no canteiro de obras, nas suas palavras.
Kerstin Blum, da fundação Planeta Saudável – Pessoas Saudáveis, disse que pessoas que não conseguem evitar a exposição ao calor e aos raios UV ou precisam usar trabalho pesado ou equipamento de proteção, como em canteiros de obras, na agricultura ou na assistência rodoviária, são especialmente vulneráveis. Ela cita também que as pessoas nas cidades, especialmente em áreas socialmente desfavorecidas, que muitas vezes têm menos espaços verdes, são especialmente afetadas e muitas vezes têm menos possibilidades de escapar do calor. E ela apela a classe política, dizendo que a população precisa de uma proteção climática eficaz. Caso contrário, o verão passará de uma estação maravilhosa para uma estação muito perigosa para muitas pessoas.
E vamos aos números. De acordo com o principal órgão de saúde pública da Alemanha, o Berlin-based
Institut Robert Koch, cerca de 6.000 pessoas morreram de calor extremo na Alemanha em 2023 e 2024. Em comparação, cerca de 5.600 pessoas morreram em incidentes de trânsito durante o mesmo período. A companhia de seguros Allianz calculou um aumento de 4,9% nos custos de saúde em toda a União Europeia durante as ondas de calor até agora em 2025. Para a Alemanha, isso representa um custo de cerca de €25 bilhões.
Ou seja, lá ja morrem mais pessoas de calor do que no trânsito, e os custos são altos, mostrando que a prevenção sempre é o melhor remédio. E você, já visitou a Alemanha e pode colaborar com suas experiências? Deixe nos comentários.
FONTE: DW
IMAGEM: Wolfgang Rattay/REUTERS
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