MOTOCICLISMO NEWS - A moto está ficando mais importante que o piloto?

Nós fãs já advertimos isso a muito tempo e esse dia está chegando. Ou já está entre nós? Mas dá tempo de mudar.

Ou veja nesse nosso primeiro vídeo com uso de Inteligência Artificial

Será que chegamos na era onde a moto é mais importante do que o piloto? Lembramos que em 2003 Valentino Rossi deixou a forte Honda, indo para a Yamaha que tinha sido um desastre no ano anterior, para se testar, e mostrou que seu talento era capaz, vencendo pilotos Honda com Hayden, Barros, Biaggi ou Sete Gibernau. Antes, nos anos 80, pilotos americanos e australianos dominavam as super máquinas 500 cilindradas simplesmente porque eram os melhores pilotos. E agora neste momento, vemos uma Ducati, que tem 8 motos no grid e temos 7 destas 8 terminando no TOP 10 da Sprint Race num circuito onde a Ducati não vence há 15 anos. E nada contra o talento de Bagnaia, Bezzechi, Martin… pois sim, eles são bons, mas pilotos como Quartararo, Mir, Rins e Marquez, que também são fora de série, estão arriscando a pele para fazer algo com suas motos. E não estão conseguindo. Quem mais consegue chegar perto do desempenho da Ducati são as KTM.

O alarme parece ligado nesse sentido. Será que as asas e aerodinâmica, holeshots, eletrônica… estão fazendo mal ao esporte que tanto amamos? Certamente ver os pilotos vencendo por si e não pelas máquinas é o que queremos, isso que nos prende neste esporte e não ver uma lenda ativa como Marc Márquez, ter que ir além do limite para ser 7º no grid, e cair sem entender o motivo da maioria das quedas, como ele já falou e repercutimos aqui no canal. Ou o que vimos com Valentino Rossi e Maverick Viñales sofrendo em seus últimos anos na Yamaha.

Marc Marquez mesmo já disse no ano passado o seguinte: “Os pilotos no topo são sempre os mais rápidos. Mas é certo que agora, ou com o passar dos anos, cada vez mais a moto parece ter mais importância que o piloto. Até hoje, no entanto, o piloto é mais importante ou é nisso que quero acreditar. Mas, cada vez mais, você depende do que tem porque se não tiver uma moto [competitiva] não pode fazer nada”, avaliou o espanhol.

A Dorna deve tomar decisões com urgência. Se eles querem que Honda e Yamaha não deixem o Mundial tão cedo como fez a Suzuki, eles devem fazer concessões. Tal como aconteceu em 2014 com a Ducati, tal como aconteceu com a Aprilia e a KTM quando entraram no Campeonato do Mundo. Os japoneses precisam de mudanças nos regulamentos que os permitam competir e reinscrever seus pilotos no campeonato. Atualmente, a poderosa Honda parece teimar, achando que não precisa disso, mas os resultados mostram o contrário.

Talvez permitir mais testes e poder desenvolver o motor durante a temporada seja o suficiente e se não quiserem prejudicar os fabricantes europeus, permitam para todos, mas Honda e Yamaha precisam testar muitas peças e novas motos para serem capaz de competir novamente em pé de igualdade. Não faz sentido esperar por cada prova oficial como um oásis no deserto devido a estes regulamentos tão restritivos. Se os japoneses permitiram concessões aos europeus no passado, agora o favor deve ser retribuído. É para o bem comum de todos e do campeonato.

Será que a Dorna vai esperar até 2027 para incorporar mudanças nas regras? Pode ser tarde. Quem sabe proibir qualquer tipo de asas ou apêndices nas motos seja a solução. E o que acontece, é que estamos indo no caminho oposto, com a Aprilia, por exemplo, patenteando asas nos macacões agora, como já falamos nesse vídeo:

ou veja aqui

Quem sabe o holeshot ser também totalmente removido, tanto nas saídas quanto na aceleração ao sair da curva. No passado já foi feito com a carenagem lata de lixo. Lembra disso?

O piloto deve decidir o que fazer, deve fazer a diferença na pista e não apenas na pressa da frenagem, onde está sempre correndo riscos com o perigo que isso implica. Ultrapassar hoje em curva ou aceleração é quase impossível. Ou você ultrapassa na reta, se você for KTM ou Ducati, ou o resto só pode tentar ultrapassar numa frenagem louca.

O problema que a Dorna enfrenta é que a principal apoiadora dessa aerodinâmica é justamente a Ducati, a marca que atualmente conta com 8 motos na MotoGP, sendo a base do campeonato, assim como todas as motos da nova categoria Mundial de motos elétricas. Os italianos têm investido e liderado muito nesse sentido e não é fácil convencê-los a recuar, afinal está funcionando muito bem para eles e ninguem entra pra perder. Fora os investimentos que já foram feitos e toda a inteligência do Luigi Dall’Igna. Como fazer para dizer que não pode mais? Realmente é difícil. Mas é assim mesmo, as decisões nunca agradam a todos e nesse momento não estão agradando muitos dos fãs, justamente em um momento em que a Dorna busca aumentar sua clientela de fãs pelo mundo afora.

Mas a Dorna já convenceu a Honda quando os obrigou a todos a montarem uma única central eletrônica, em um momento em que os japoneses chegaram a ameaçar abandonar o campeonato. Carmelo Ezpeleta e sua equipe têm que tomar decisões difíceis, mas eles estão lá para isso. E deveriam tomar essas decisões já neste verão europeu, em julho, quando não há corridas por cinco semanas. Vai acontecer? Está acontecendo? Não sabemos mas estamos aguardando.

A MotoGP precisa de uma mudança agora, porque quando a moto ultrapassar o piloto, nos tornamos a Fórmula 1 em duas rodas e o interesse vai continuar caindo. E na Fórmula1, realmente é difícil assistir algumas corridas, imagina para quem não é tão fã assim. No caso da Fórmula1, eles têm outros atrativos que o motociclismo não tem, a MotoGP tem então que explorar o que sempre diferenciou a MotoGP. Mesmo que a moto seja importante, a chave é sempre o piloto: o mais talentoso, o mais corajoso, o que mais se esforça, que o herói se destaca acima de tudo.

Claro que é difícil, pois em tudo a tecnologia está avançando assustadoramente. Só faltava chegar o momento em que colocaremos robôs a pilotar as motos de MotoGP. E não parece longe disso acontecer.