A notícia dos problemas financeiros dos austríacos que já trouxemos aqui em outra oportunidade parece piorar cada vez mais
Veja em vídeo:
O futuro a longo prazo do programa de corridas de MotoGP da KTM pode muito bem estar em dúvida, depois de novas divulgações financeiras terem revelado a extensão dos problemas financeiros da empresa-mãe austríaca Pierer Mobility. A KTM requereu a “autoadministração” – um conceito na lei de insolvência alemã e austríaca onde o devedor, segundo a KTM, “continua a gerir os ativos sob supervisão” – e foi posteriormente revelado pela cooperativa de crédito austríaca AKV estima-se que esse KTM tenha uma dívida de quase €3 bilhões. Essa situação já levou inevitavelmente a cortes – com mais por vir.
Sob autoadministração, espera-se agora que a empresa elabore um plano de reembolso da dívida nas próximas semanas que deverá pelo menos estabilizar o negócio entretanto.
Parece que a Pierer Mobility é de certa forma vítima do seu próprio sucesso, expandindo-se agressivamente durante e após a crise da COVID, não apenas com outras marcas como GasGas, Husqvarna e MV Agusta, mas também para o ciclismo, através da compra de uma série de outras empresas nessa área.
Como resultado, um terço da dívida de quase €3 bilhões atualmente devida a uma combinação de bancos, fornecedores e funcionários austríacos supostamente vem de outras marcas além da KTM dentro do grupo Pierer Mobility, apesar da KTM ainda ser responsável por 95% do lucro da empresa.
Os problemas financeiros refletiram-se agressivamente na queda dos preços das ações, à medida que os investidores passam a compreender a gravidade dos problemas que a empresa enfrenta, com o custo de uma ação a cair de um máximo de €102 em Janeiro de 2022 para menos de €10 esta semana, embora com um pequeno índice ascendente após o anúncio do plano de administração voluntária.
Os problemas financeiros já tiveram impacto no programa de corridas de Grandes Prêmios do grupo, com um anúncio no início deste ano de que as marcas GasGas e Husqvarna desapareceriam da equipe satélite de fábrica de MotoGP Tech3 (que reverte para as cores KTM para 2025) e da Moto2 e Equipe Moto3 IntactGP respectivamente.
Neste momento, parece que os cortes esperados não terão impacto no principal programa de corridas de MotoGP da KTM, no entanto, com o chefe de corridas Pit Beirer dizendo ao jornal austríaco Kronen Zeitung na semana passada a próxima temporada já está orçada – mas admitindo que pode haver problemas pela frente enquanto a série se prepara para uma reformulação radical em 2027: “Felizmente, a moto para a próxima temporada está pronta e esperando na oficina. O início da temporada 2025 está organizado e o MotoGP interrompeu o desenvolvimento do motor para 2026, o que nos ajuda imensamente na situação atual. Em termos técnicos, os motociclos deixarão de dar grandes saltos e em 2027 o plano é fazer algumas alterações, por exemplo, nos dispositivos de altura de condução ou na aerodinâmica. Os novos motores de 850 cc também estão chegando. Em algum momento, porém, teremos que começar a construir essas novas motocicletas. E até que fique claro como vamos proceder, esses planos estão atualmente suspensos.”
A KTM tem quatro motos inscritas no MotoGP e fez duas contratações de pilotos de alto nível para o próximo ano em Maverick Vinales e Enea Bastianini – que pilotarão pela Tech3, mas serão contratados diretamente pela KTM, em acordos anunciados como plurianuais, presumivelmente cobrindo 2025 e 2026.
Foi relatado que a KTM tranquilizou pessoalmente Vinales e Bastianini, bem como a dupla da equipe de trabalho Pedro Acosta e Brad Binder, que o programa de MotoGP prosseguirá conforme planeado.
Porém, segundo o portal motorsport.com, os chefes da divisão da MotoGP da fabricante austríaca decidiram frear o desenvolvimento de seus protótipos, pelo menos durante o inverno (verão no Brasil) até os testes de pré-temporada no início de fevereiro, em Sepang, Malásia. Essa medida é mais uma das medidas incluídas no plano de choque que busca manter seguro o projeto esportivo austríaco. Foi apurado que os dirigentes da MotoGP realizaram uma reunião na oficina oficial da KTM durante a última corrida da temporada, em Barcelona, na qual informaram a todos os presentes sobre a delicada situação financeira da empresa. No entanto, na mesma reunião, a equipe foi tranquilizada e a continuidade do projeto no campeonato foi dada como certa.
Mas mesmo que continue, e esperamos que continue, isso tudo certamente não ajuda em nada a KTM dentro da MotoGP, ela que pelo menos nas pistas, tem evoluído bastante nos últimos tempos e mostrado um bom trabalho, e tem tudo para evoluir mais, tendo agora o talentoso piloto Pedro Acosta no grid. E mesmo com a marca tendo garantido a sua presença no grid em 2025, sabemos que isso pode mudar a qualquer momento, e certamente esperamos que isso não aconteça.
IMAGEM: KTM X
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