Vamos comparar aqui essa mudança a outras grandiosas da história da MotoGP, com Rossi, Lorenzo e Stoner. E também da história do esporte em geral, como Hamilton e Mbappe. Então senta na poltrona, porque o fato anunciado hoje, nos ingressa em um novo capítulo da história esportiva, e que bom que a MotoGP faz parte disso.
Enfim veio a confirmação do que já imaginávamos: a Ducati Corse anunciou que foi alcançado um acordo com Marc Marquez para que o oito vezes campeão mundial corra com as cores da Ducati Lenovo Team pelos próximos dois anos, 2025 e 2026. No final da campanha de 2024, o atual piloto da Gresini Racing MotoGP substituirá Enea Bastianini e se juntará ao atual campeão mundial consecutivo da categoria rainha, Francesco Bagnaia, no famoso vermelho de Bolonha.
Com relação ao título desta matéria, certamente Marc vai rumo a glória. Conseguirá? Bom, ai só o tempo dirá, pois a concorrência é grande para 2025: Pedro Acosta, Pecco Bagana, o próprio Jorge Martin e quem sabe algum outro. Porém só esses nomes já garantirão mais uma temporada de tirar o fôlego. E que venha a emoção.
Confira as palavras dos envolvidos:
Luigi Dall’Igna (Gerente Geral da Ducati Corse): “Em primeiro lugar, quero agradecer tanto a Enea Bastianini como a Jorge Martín por todo o seu trabalho conosco ao longo dos últimos anos, e desejo-lhes tudo de melhor para o futuro. Nesta temporada, eles mostraram que atingiram um nível incrível, e temos certeza de que eles estarão na luta pelo título até o final. Decidir sobre o novo companheiro de equipe de Bagnaia na Ducati Lenovo Team não foi fácil, pois tínhamos uma lista de pilotos muito fortes para escolher. No final, a nossa escolha recaiu sobre um talento inquestionável como Marc Marquez. Em apenas algumas corridas, ele conseguiu se adaptar perfeitamente ao nosso GP de Desmosedici, e sua ambição inata o leva a crescer continuamente. No box teremos dois pilotos que juntos detêm 11 títulos mundiais, e poder contar com sua experiência e maturidade também será inestimável para o nosso crescimento.”
Certamente com a debandada de Jorge Martin para a Aprilia, pois certamente não foi tratado como gostaria pela Ducati, coisa do mundo dos negócios, claro, o caminho dessa decisão ficou bem mais fácil para a Ducati, e essa declaração do Luigi parece que foi redigida antes dessa saída de Jorge Martin. Fica a curiosidade de quanto receberá Marc Marques de salário, certamente não é pouca coisa, ele que quando foi correr com a Gressini em 2024 já havia dito, e contrariando o que se achava, que não correria de graça e ainda seria um dos pilotos mais bem pagos do grid. Claro que esse salário na Ducati Lenovo não é em nem será público, precisaremos aguardar vazar para termos uma ideia. Se acontecer, você ficará sabendo aqui.
Depois de muita especulação, foi então anunciado que Marc Marquez pilotará oficialmente como piloto de fábrica da Ducati em 2025. Quem poderia ter pensado que veria isso? O espanhol é uma lenda da Repsol Honda e futura lenda da MotoGP, conquistando seis títulos da primeira classe com o time japonês durante um período de 11 anos, mas as coisas azedaram bastante para ele enquanto ele lutava com uma RC213V que teimava em não ajudar e o derrubava bastante, e em uma das quedas sabemos que custou caro. Mas Márquez se esforçou bastante para seguir fazendo o que gosta. Certamente foram 12 meses turbulentos, para enfim chegar a glória, pois sim, já podemos chamar esse anúncio de glória.
Marc Marquez agora gravará seu nome ao lado de alguns outros grandes nomes de todos os tempos da pilotagem para a equipe Ducati de fábrica. Três nomes em particular destacam-se: Casey Stoner, Valentino Rossi e Jorge Lorenzo. Todos os três alcançaram pelo menos duas vitórias no título de MotoGP, e todos têm sua própria história para contar quando vestiram o vermelho de Bolonha. Vamos recordar?
CASEY STONER
Até Pecco conquistar o título de 2022, Casey Stoner foi o único vencedor do Campeonato Riders’ da Ducati. Depois de uma atraente temporada de estreia na primeira classe com a LCR em 2006, o australiano saltou para o míssil GP7 da Ducati em 2007. 10 vitórias e 14 pódios em 18 corridas depois, Stoner foi Campeão do Mundo de MotoGP pela primeira vez. O famoso #27 (inclusive a 27ª vitória da história da Ducati é dele) conquistou o título de 2007 por impressionantes 125 pontos e, ao fazê-lo, no GP do Japão, tornou-se o primeiro piloto a ganhar o título da primeira classe em máquinas não japonesas desde 1974, quando Phil Read venceu em sua MV Agusta. Infelizmente para a Ducati e Stoner, uma segunda conquista do título não se concretizou. O mais próximo que chegaram foi um ano depois, em 2008, quando seis vitórias e 11 pódios foram alcançados em seu caminho para terminar em P2 para Rossi e Yamaha. Apesar dos problemas de saúde e de uma Desmosedici cada vez mais complicada de domar, Stoner venceu mais sete vezes em 2009 e 2010, elevando o seu número de vitórias na Ducati para 23, antes de mudar com sucesso para a Honda nos seus últimos dois anos na MotoGP.
VALENTINO ROSSI
Acenar o adeus a Stoner foi difícil para a Ducati, mas receber Rossi no final de 2010 aliviou a dor. Rossi e Ducati: dois ícones italianos. Foi algo maravilhoso, porém não correu como esperado para o nove vezes Campeão do Mundo e para a marca de Bolonha. Um pódio em 2011 levou Rossi a terminar em P7 no Campeonato, 211 pontos atrás de Stoner e Honda. Em 2012, dois acabamentos P2 foram embolsados em Le Mans e Misano em seu caminho para P6 na classificação geral. Tendo lutado para enfrentar o mal-humorado Desmosedici, Rossi voltou para a Yamaha no final da temporada, vendo a sua passagem pela Ducati conquistar apenas três pódios e nenhuma vitória.
JORGE LORENZO
No final da temporada de 2016, o pentacampeão do Mundo Jorge Lorenzo replicou o movimento de Rossi trocando a Yamaha de fábrica pela Ducati de fábrica. E como Rossi, pelo menos no início, a adaptação foi mais difícil do que o previsto para o #99. Ainda assim, três pódios na sua temporada de estreia fizeram não ser um desastre completo para Lorenzo, mas não foram suficientes. Vitórias consecutivas em Mugello e em Barcelona foram conquistas para Lorenzo, assim como a vitória na Áustria. Foram dois anos na Ducati e nenhum título, sendo a melhor posição em um fim de campeonato, um modesto P7 em 2017. Infelizmente, a lesão reduziu o resto do último ano de Lorenzo com a Ducati, mas tivemos um gostinho do que poderia ter sido.
E MARC MÁRQUEZ? Bom, sua trajetória está sendo carregada no momento e precisaremos esperar…
Temos ainda que aguardar como a temporada fascinante de 2024 se desenrola, onde ele sempre terá chances de título. E 2025 sinaliza o início da jornada de outro grande de todos os tempos no vermelho de Bolonha. Um capítulo que promete muito. Marc Márquez, oito vezes campeão mundial, alinhando-se ao lado de Pecco Bagnaia, tricampeão mundial, contando o seu título da Moto2 em 2018. Estamos em uma expectativa tremenda! Há muitos que não estão felizes com essa notícia, claro, pois conhecemos o passado de Marquez e suas controvercias. Mas que ele ganhou uma chance, graças a seu atual desempenho e também passado glorioso, que ele ganhou uma ótima chance de escrever o seu nome na história do motociclismo e da MotoGP, isso não dá para negar.
Marc Márquez: “Estou muito feliz por poder usar as cores vermelhas da equipe de fábrica da Ducati na MotoGP na próxima temporada. Basicamente, desde o primeiro contato com a GP Desmosedici, gostei de pilotá-la e me adaptei bem imediatamente. A partir desse momento, soube que o meu objetivo era continuar este caminho, continuar a crescer e passar para a equipe onde Francesco Bagnaia é Campeão do Mundo há dois anos consecutivos. Estou feliz por poder dar este grande passo em 2025 e grato pela confiança que a Ducati depositou em mim. Por fim, quero agradecer a Nadia, Carlo, Michele e toda a família Gresini Racing por me abrirem as portas da sua equipe num momento delicado da minha carreira. Agora, continuaremos nos divertindo e dando tudo de nós no que resta da temporada atual, que é minha prioridade agora.“
Com isso, já temos um bom LINE-UP, porém com muitas cadeiras ainda a serem definidas:
E essa mudança de Marquez abalou os alicerces da MotoGP e do mundo desportivo em geral, traçando paralelos com outras grandes transferências desportivas. Vamos dar uma olhada em alguns:
Hamilton também muda para vermelho
Parece que pode haver algo na água agora, à medida que os campeões mundiais do automobilismo mudam para o vermelho. Na Fórmula 1, o heptacampeão Lewis Hamilton usará a icônica Ferrari vermelha a partir de 2025. O piloto britânico optou por encerrar a sua ilustre e repleta de troféus história com a Mercedes em busca de melhores fortunas (não financeiras), algo semelhante à decisão de Marquez de deixar a Repsol Honda, e sem dúvida será necessário algum tempo para se habituar a ver ambos em vermelho na próxima temporada. Será estranho.
De Figo a Mbappe
Além do automobilismo, existem inúmeros casos bem conhecidos. No futebol, é impossível ignorar a mudança altamente controversa e bem divulgada de Luis Figo do FC Barcelona para o Real Madrid durante o verão de 2000, que deu início à famosa era Galacticos. No Santiago Bernabeu, jogadores como Zinedine Zidane, Ronaldo Nazario e David Beckham deixariam sua marca, enquanto o arquirrival Barcelona recrutou jogadores como o astro brasileiro Ronaldinho. Anos depois, outro brasileiro, Neymar Jr., dominou as manchetes no verão de 2017 ao ingressar no PSG, que pagou sua cláusula de rescisão integral de 222 milhões de euros, uma vertiginosa taxa recorde mundial que ainda permanece até hoje. Mais recentemente, um de seus ex-companheiros de equipe parisienses, Kylian Mbappe, criou a mais recente bomba no universo do futebol ao assinar com o Real Madrid por cinco temporadas.
LeBron James e ‘A Decisão’
Do outro lado do Atlântico, a história do desporto também é rica em transferências lendárias. Na NBA, algumas franquias fizeram contratações estratégicas que definiram uma época. O Los Angeles Lakers abalou o mercado nas últimas décadas com contratações como Shaquille O’Neal na década de 1990, Pau Gasol na década de 2000 e LeBron James na década de 2010. ‘O próprio ‘King James’ já havia atordoado o mundo em 8 de julho de 2010, quando fez ‘The Decision’, um especial ao vivo onde anunciou sua mudança do Cleveland Cavaliers para o Miami Heat. O resto é história. Nos anos seguintes, contratações como Kevin Durant para o Golden State Warriors e Kawhi Leonard para o Toronto Raptors também conquistaram o mundo da NBA.
Os últimos anéis de Manning e Brady
Nos Estados Unidos, também há exemplos notáveis em outros esportes como a NFL, particularmente com jogadores como Peyton Manning e Tom Brady. Manning, depois de vencer o Super Bowl XLI (2006-07) com o Indianapolis Colts, onde jogava desde 1998, foi cortado após uma temporada em branco de 2011 devido a uma lesão significativa no pescoço. Ele então assinou com o Denver Broncos, jogando suas últimas quatro temporadas no nível de elite e encerrando sua carreira ao vencer o Super Bowl 50 (2015-16) contra o Carolina Panthers. Brady, para não ficar atrás, era um membro proeminente da dinastia vencedora forjada pelo New England Patriots desde 2000. Após 20 anos e seis anéis, ele assinou com o Tampa Bay Buccaneers (2020-21), vencendo o Super Bowl LV em sua primeira temporada com eles contra o Kansas City Chiefs de Patrick Mahomes. Essas contratações lendárias reescreveram a história da NFL.
Estas são apenas a dica do iceberg no que diz respeito aos principais movimentos desportivos, mas a mudança de Marc Marquez para a equipa de fábrica da Ducati certamente pertence a eles. O oito vezes Campeão do Mundo tem sido uma força revolucionária dentro da MotoGP, e agora, tendo deixado a Repsol Honda após 11 anos em 2023, competirá na moto que dominou o Campeonato Riders, o Campeonato Teams e o Campeonato Constructors nas últimas temporadas. A história vai continuar a ser escrita a partir de agora, e quem viver verá.
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