E não poderia ser diferente, afinal na hora de assinar o contrato foi uma coisa, e agora é outra. O empresário explica a situação e diz o que pode acontecer com o futuro de Pedro Acosta
Veja em vídeo:
A KTM não passa por um bom momento financeiro, todos sabemos, e isso está afetando, até certo ponto, o departamento de corridas. Parece que poucos avanços na marca ocorrerão na MotoGP durante este período, e os seus pilotos serão afetados no desenvolvimento do Campeonato do Mundo. Albert Valera, empresário de Pedro Acosta, explicou a situação. A primeira coisa que o representante esclareceu é que a moto para o ano seguinte não está em perigo, mas que eles não sabem as condições em que tudo acontecerá: “Quanto ao projeto de MotoGP, felizmente, pelo que nos contam, o projeto vai continuar. Não há perigo de não ter uma moto para o próximo ano, mas nos preocupamos com o estado em que essa moto estará. Em maio assinamos contrato com um projeto vencedor, com uma empresa que gerou dezenas de milhões de lucros e com uma mensagem clara de que estavam em condições de lutar com a Ducati. De repente, não é mais assim e em seis meses tudo mudou. Tanto Pedro quanto eu estamos preocupados com a situação.”
Da mesma forma, Valera confirmou que não têm problemas com o departamento de corridas e que todos estes problemas são bastante externos: “A nossa relação com a KTM, no final das contas, é com o departamento de corridas. Entendo que Pit Beirer também não sabia de tudo isto e somos vítimas de uma má gestão que nada tem a ver com o projeto de MotoGP. A relação com o Pit, com o Aki Ajo, é muito boa, e eles nos pedem paciência até que o plano de reestruturação seja aprovado. Devemos fazer um exercício complicado, que é confiar neles. Sabemos que não depende do departamento de corrida, mas sim de superiores”.
A situação da KTM se inverteu em questão de pouquíssimo tempo, e agora eles têm que encarar as corridas com um ponto de vista totalmente diferente: “Eu não chamaria isso de traição, mas definiria como dúvida, porque não sei o que vai acontecer. Estou lhe dizendo, tenho certeza de que nossos interlocutores não sabiam de nada sobre isso. Tenho certeza que a KTM vai sair dessa, mas não sei em que condições estará a MotoGP.”
Pedro Acosta é um dos mais afetados, já que a KTM lhe prometeu uma moto para lutar contra os que estão no topo. Agora, não se sabe o que vai acontecer, mas Valera é honesto sobre as possibilidades, trazendo uma decaração forte, olha só: “Pedro está decepcionado com a situação. Quando assinou estava confiante de que a KTM lhe daria as ferramentas para lutar pelo Campeonato do Mundo, porque assim lhe disseram. E ele vê que agora em seis meses, aquele projeto que lhe foi prometido e aquela ilusão de ser Campeão do Mundo com a KTM está desaparecendo. Não há nada impossível, mas é verdade que a situação não vai ajudar a lutar contra a Ducati.”
Tem havido muita especulação sobre esta questão, incluindo que Pedro Acosta poderá estar livre em 2025 se a situação não mudar: “Pensar agora em quebrar um contrato em 2025, penso eu, é pressa. No momento a KTM não violou nada do contrato, o que seria um dos motivos para rompimento. O que acontece é que a KTM Racing está em uma empresa separada que não é a KTM. Nesta empresa não há inadimplência ou falência alguma, então eu diria que para 2025, por enquanto, tudo permanece igual. A menos que a situação melhore, porque neste momento a KTM pode depender do departamento de corridas para impulsionar o resto. Acho que temos que lhes dar o benefício da dúvida e ver o que acontece, porque dizem que o projeto continuará o mesmo.”
Mas Valera é claro sobre o que pode acontecer se a situação não mudar, como confirmaram: “Não sabemos o que vai acontecer. O futuro de Pedro depende da KTM. Se responderem e derem ao Pedro as ferramentas para lutar pelo Mundial, ele continuará na KTM; Se, por outro lado, piorarem e não conseguirem acompanhar, provavelmente teremos de tomar outras decisões no futuro. O Pedro é jovem e vence onde quer que vá, por isso não podemos passar dois anos a fazer maus resultados e isso afetar a sua confiança.”
Diante da possibilidade de deixar a KTM, Valera é claro: “Converso constantemente com muitas fábricas, temos um bom relacionamento. Todas as fábricas me contataram perguntando como está o Pedro e nos dando apoio. Sei que todas as fábricas, quando tivermos que procurar uma alternativa, estarão abertas a aceitá-lo porque ele é um diamante bruto.”
E apesar de uma situação financeira delicada e de uma grande incerteza em torno de seu futuro, a KTM continua seu compromisso com a MotoGP nesta semana, a equipe de testes do fabricante austríaco foi ao circuito de Jerez para dois dias de testes intensos, com o objetivo de continuar o desenvolvimento da RC16. E a ausência de Pedro Acosta, obviamente, gerou certas especulações, mas como já dissemos, por enquanto não temos nada, e nem o motivo da ausência dele. Viñales esteve presente no teste, apesar de que nenhum piloto oficial pode treinar, devido aos regulamentos. Esses dias de teste foram planejados bem antes do anúncio das dificuldades econômicas da empresa e fazem parte do plano de desenvolvimento lançado após as férias de verão, quando um trabalho intensivo foi iniciado com Pedro Acosta. As peças testadas incluem novas soluções aerodinâmicas e eletrônicas já testadas durante os testes de pós-temporada em Barcelona por Acosta e Brad Binder.
E atualizando, a crise da KTM piora e começa a ser muito preocupante. Os dirigentes da marca austríaca garantiram aos seus trabalhadores um adiantamento de 90% do salário mensal, apesar disso, conforme noticiado pela Câmara do Trabalho da Alta Áustria, a empresa não tem condições de pagar aos seus colaboradores no resto de 2024 e o pagamento é adiado até o início do novo ano. Um comunicado dos presidentes dos sindicatos PRO-GE (Reinhold Binder) e GPA (Bárbara Tieber) sobre o não pagamento dizia: “Faremos agora todos os possíveis para que os colaboradores recebam rapidamente os seus créditos do fundo de remunerações por insolvência e iremos acompanhá-los nestes dias e semanas difíceis.” Aos problemas de incapacidade de pagamento de salários juntam-se a preocupante dívida de quase 3 bilhões de euros e a acumulação de stock de 100.000 motos não vendidas, prenunciando um dos piores momentos da história da marca. Esta crise significou uma falta de investimento nos projetos futuros da KTM e agora a empresa procura uma injeção econômica que lhes permita compensar a dificuldade, pois certamente as vendas não vão aumentar. Você compraria uma moto de uma marca nessas condições? Acreditamos que a resposta para a maioria dos clientes seja um reduntante não.
E em caso de saída da KTM, par aonde Acosta poderia ir? Certamente ele gostaria de ir para a Ducati. Mas a marca já percebeu que tentar manter muitos pilotos de elite não é viável, então é um destino complicado. Martin, Enea Bastianini e Marco Bezzecchi deixaram a fabricante antes da próxima temporada devido à decisão de escolher Marc Márquez para a equipe de fábrica. Espera-se que Márquez e Pecco Bagnaia tranquem as portas da garagem da fábrica pelos próximos dois anos, o que impediria a entrada de Acosta. VR46 e Gresini continuam sendo os outros dois projetos satélites da Ducati, com uma moto de fábrica (em 2025 será a de Fabio di Giannantonio) entre eles. Mas ainda há tempo para que o grupo seja embaralhado novamente no próximo ano, durante o qual a Ducati aparentemente ficará de olho no brilhante Acosta, assim como as demais marcas, Aprilia, Honda e Yamaha, marcas que certamente não são o topo dos desejos do promissor piloto. Vamos aguardar os próximos capítulos, pois agora só podemos especular. E certamente todos entendem a qualidade do piloto. Ele que terminou em sexto lugar nesta temporada na classificação da MotoGP tem certamente um grande futuro pela frente, futuro esse que certamente também depende das decisões que ele e seu empresário tomarem.
IMAGEM: Michelin
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