Você já pensou nisso? Com eventualmente algum avião caindo do céu, como o caso do avião da Voepass que caiu em Valinhos nesta semana matando as 61 pessoas a bordo, alguém já pensou em colocar paraquedas nesses aviões para que, em vez de cair, eles possam pousar com segurança? Parece uma ideia genial e certamente isso já foi pensado. Mas é completamente inviável. Vem saber o motivo.
Veja em vídeo:
A resposta a essa pergunta é simples. Paraquedas que seriam grandes o suficiente para desacelerar a massa extremamente pesada de um avião, e existem modelos que chegam a pesar 300 toneladas carregados, teriam seus paraquedas muito pesados e grandes. O tamanho do paraquedas necessário seria colossal, possivelmente maior que o próprio avião, e só ajudariam quando qualquer falha que esteja causando o acidente acontecesse em uma altitude que permitisse a implantação e uso seguro. Lembrando que o paraquedas teria que abrir corretamente e sem se enroscar na própria aeronave também. Como garantir isso? Seria muito dificil. E não é só por isso.
As forças envolvidas na abertura de um paraquedas desse tamanho seriam enormes. A estrutura do avião teria que ser completamente redesenhada para suportar o estresse repentino causado pela desaceleração. Isso resultaria certamente em um aumento significativo no peso da aeronave, comprometendo sua eficiência de combustível e desempenho geral. E os aviões também voam a velocidades enormes, chegando a 800 km/h, e abrir um paraquedas nessas velocidades exigiria uma extrutura bastante preparada para isso, aumentando os custos, o peso do avião e consumo de combustível.
Outra questão interessante é quando um acidente costuma acontecer. Acontece que a maioria dos acidentes com companhias aéreas comerciais acontece na decolagem ou no pouso, quando um paraquedas não ajudaria.
O que acontece quando você adiciona mais peso a um avião com o tipo de tecnologia que seria necessária para armazenar e abrir um ou mais paraquedas de tamanho enorme? Você diminui o espaço para os passageiros. Você precisaria então adicionar mais voos para transportar esses passageiros. Isso significa mais decolagens e pousos, o que aumenta a possibilidade de mais acidentes. Hoje eles são rarríssimos e com mais voos, aumentariam. E claro que o custo das passagens teria que ser aumentado também, se bem que essa última consequência até valeria a pena se fosse para salvar vidas. Mas como você viu, seria o contrário por todos esse motivos. Teria que haver também inspeções frequentes, que tambem acarretariam custos para tal.
O aumento do consumo de combustível, como já dissemos, também impactaria bastante, entrando na conta a questão ambiental, lembrando que os aviões já são conhecidos por consumirem bastante combustível.
Então você talvez esteja pensando o seguinte: e se cada passageiro pudesse ter um paraquedas inividual? Essa ideia também não é viável, pois seria necessário treinamento para seu uso, o que seria complicado. Fora o fato que o pânico dentro da aeronave em caso de acidente, faria com que provavelmente a maioria dos passagueiros nem conseguisse tempo e calma para isso. Guy Gratton, um pesquisador de aviação da Brunel University em Londres, já falou sobre esse assunto, dizendo que isso seria impossível em uma emergência envolvendo centenas de pessoas. Ele nos lembra daquele Airbus gigante que comporta 850 passageiros. Como dissemos, além do pânico que impediria as pessoas de colocar paraquedas, pousar com segurança de um salto de paraquedas requer o treinamento, que é inviável a maioria das pessoas comuns, mesmo para um salto duplo, quando o paraquedista está conectado a um instrutor experiente.
O maior avião comercial, o Airbus A380, pode transportar cerca de 850 pessoas e pesa quase 400 vezes mais que uma pequena aeronave pessoal. E isso não inclui passageiros e bagagem. Então usar paraquedas em aviões comerciais de grande pote, como você viu é algo não viável. Porém em aeronaves menores já existe. Paraquedas de avião inteiro estão disponíveis para aeronaves leves, como Cesnas e Cirrus, de acordo com um artigo de 23 de dezembro de 2013 no site da BBC. O paraquedas é armazenado na fuselagem e acionado quando o piloto puxa uma alavanca no teto da cabine. Aviões militares também possuem seu pára-quedas, mas dai estamos falando de pilotos treinados e sós no avião.
Os aviões pequenos equipados com este sistema de paraquedas geralmente pesam menos de 1.800 kg, uma fração do peso de um avião comercial. Além disso, esses aviões voam em velocidades e altitudes significativamente menores que as aeronaves comerciais.
Mas claro que essa possibilidade para aviões maiores já foi pensada e certamente muitos ainda estão pensando, quem sabe chega algo viável no futuro. Um dos principais fabricantes de paraquedas para aviões é a Ballistic Recovery Systems, sediada em Miami. O fundador Boris Popov começou sua empresa depois que um planador que ele pilotava saiu do controle. Ele caiu em um lago e sua sobrevivência o inspirou a buscar maneiras de tornar a aviação mais segura.
Uma solução para facilitar o trabalho do paraquedas é ter as partes pesadas do avião, asas e motores, destacadas quando os paraquedas fossem abertos. A cabine de passageiros seria a única parte do avião a ser resgatada por ele.
Gratton concorda que perder peso seria o melhor método. “Se você tivesse que fazer isso, então se livrar das asas e dos motores é a coisa certa a fazer, só espero que não seja feito isso sobre uma cidade”, ele diz. Já pensou nisso? Seria mais um problema.
E a resposta final para o enigma do paraquedas de passageiros vem do site Quora.com: “Existem pouquíssimas situações em que ele salvaria alguém.” Portanto não é nada viável.
Andrew Hennigan diz em sua resposta à pergunta: “Você teria que estar em uma situação, à luz do dia, sobre a terra, onde não há esperança de pouso, mas há tempo suficiente para tirar todos de lá”.
E devemos lembrar você que a ausência de um sistema de paraquedas não significa que os aviões da aviação comercial modernos não sejam seguros. Na verdade, a aviação comercial é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, com uma taxa de acidentes extremamente baixa. Isso é resultado de décadas de avanços tecnológicos, regulamentações rigorosas e um foco incansável na segurança, sempre estudando os acidentes que já aconteceram para que não se repitam as causas. Acontece que quando caiu um avião, a comoção é sempre grande pois normalmente todos morrem e temos muitas pessoas a bordo. Porém como dito, mesmo assim, viajar de avião é uma forma bastante segura. Basta lembrar quantas pessoas morrem diariamente no trânsito, por exemplo.
Então não ter um paraquedas nesses grandes aviões não é jamais uma falha de segurança, e sim algo inviável. E por falar em segurança, como dito, a aviação investe muito nessa questão. A ausência de um paraquedas gigante em vez de representar uma falha de segurança, deve representar sim um reflexo da sofisticação e eficácia dos sistemas de segurança atuais na aviação.
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